Quando a gente deixa claro o sentimento à gente fica
vulnerável. Ficamos pequenininhos, com medo, apavorados. E como se estivéssemos
abrindo a nossa alma a alguém, e a convidado pra entrar, “Fica a vontade, a
casa é sua”. E realmente, a casa é do outro, somos moradias de sentimentos. Só
isso, vivemos para isso, sobrevivemos para o outro. É como dar um tiro no
escuro, tentando acertar o outro. Pronto, é isso, é como alugar um apartamento,
você vai lá, arruma o apartamento e apresenta para o futuro morador. E fica na
torcida pra ele assinar o contrato. Mas tem que deixar sempre claro as
imperfeições do apartamento. “Olha, o antigo morador deixou um cano estourado,
uma luz queimada, e teve o outro que deixou umas bagagens no quarto de visitas,
mas já estou dando um jeito de remover.” Se não deixar claro e mostrar as
imperfeições o morador no meio do contrato vai rompê-lo. E quando se rompe um
contrato não é nada bom para ambos.
Então eu fui lá e arrumei o apartamento, demorei horas,
dias, semanas e meses pra ele ficar bem bonitinho pro novo morador. Fiquei com
medo de abrir as portas novamente para alguém, alias, o trabalho que eu tive
pra limpar a bagunça do antigo era motivo necessário pra fechar as portas pra
sempre.
E então mostrei primeiro a vista, ele decidiu entrar. Não
sei se ele gostou, não sei se ele volta pra assinar o contrato. Acho que não,
ainda ta meio bagunçado aqui dentro, mas eu pedi que ele não reparasse a
bagunça. Espero que ele volte, acho que ele seria um ótimo morador pra minha
alma vazia.
Pelo menos eu tentei, se ele voltar ou não ai já é com a
vida, no mais, eu abrir as janelas depois de dias de escuridão, eu limpei os
medos, eu joguei fora a insegurança, e joguei na casa um bom ar de esperança. Depois
de tempos tentando esconder e reprimir essa casa por vergonha e medo, hoje eu
quero é que ela seja alugada. E por alguém que no futuro peça pra ser o dono,
no papel passado e tudo.
Rafaella M.
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