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quinta-feira, 23 de maio de 2013

À venda.




Quando a gente deixa claro o sentimento à gente fica vulnerável. Ficamos pequenininhos, com medo, apavorados. E como se estivéssemos abrindo a nossa alma a alguém, e a convidado pra entrar, “Fica a vontade, a casa é sua”. E realmente, a casa é do outro, somos moradias de sentimentos. Só isso, vivemos para isso, sobrevivemos para o outro. É como dar um tiro no escuro, tentando acertar o outro. Pronto, é isso, é como alugar um apartamento, você vai lá, arruma o apartamento e apresenta para o futuro morador. E fica na torcida pra ele assinar o contrato. Mas tem que deixar sempre claro as imperfeições do apartamento. “Olha, o antigo morador deixou um cano estourado, uma luz queimada, e teve o outro que deixou umas bagagens no quarto de visitas, mas já estou dando um jeito de remover.” Se não deixar claro e mostrar as imperfeições o morador no meio do contrato vai rompê-lo. E quando se rompe um contrato não é nada bom para ambos.
Então eu fui lá e arrumei o apartamento, demorei horas, dias, semanas e meses pra ele ficar bem bonitinho pro novo morador. Fiquei com medo de abrir as portas novamente para alguém, alias, o trabalho que eu tive pra limpar a bagunça do antigo era motivo necessário pra fechar as portas pra sempre.
E então mostrei primeiro a vista, ele decidiu entrar. Não sei se ele gostou, não sei se ele volta pra assinar o contrato. Acho que não, ainda ta meio bagunçado aqui dentro, mas eu pedi que ele não reparasse a bagunça. Espero que ele volte, acho que ele seria um ótimo morador pra minha alma vazia.
Pelo menos eu tentei, se ele voltar ou não ai já é com a vida, no mais, eu abrir as janelas depois de dias de escuridão, eu limpei os medos, eu joguei fora a insegurança, e joguei na casa um bom ar de esperança. Depois de tempos tentando esconder e reprimir essa casa por vergonha e medo, hoje eu quero é que ela seja alugada. E por alguém que no futuro peça pra ser o dono, no papel passado e tudo.
Rafaella M.

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